Pais e profissionais estão cansados. Muitos se perguntam “o que deu errado?”
E então, vemos uma avalanche de dúvidas e vínculos fragilizados.
Na contramão, surge um caminho. Um caminho que nos convida a sair do automático, do controle, da punição e da obediência cega para construir relações mais seguras e respeitosas.
Relações onde existe espaço para sentir, para reparar e para crescer junto.
Por que precisamos falar sobre Educação Positiva?
Crianças diagnosticadas precocemente, pais sobrecarregados, profissionais da infância lidando com demandas emocionais para as quais, muitas vezes, não foram preparados.
Nesse cenário, surge uma pergunta urgente:
Como podemos educar com mais consciência, empatia e responsabilidade?
É aqui que a Educação Positiva se apresenta não como um conjunto de ferramentas, mas como um novo olhar para a infância e para o adulto que educa.
Neste artigo, vamos entender o que é a Educação Positiva, quem pode atuar com essa abordagem, os pilares que a sustentam e, principalmente, como ela pode transformar, de forma prática, o trabalho de profissionais que atuam com crianças, famílias e comunidades.
O que é a Educação Positiva?
A Educação Positiva é uma filosofia de vida fundamentada na ciência do desenvolvimento humano, na Teoria do Apego, no desenho original do ser humano, inteligência emocional e nos estudos sociais.
Ela propõe um novo olhar para a infância, reconhecendo a importância de vínculos seguros, da escuta ativa e da presença emocional como base para um crescimento saudável.
Desta forma, a Educação Positiva mostra que educar nada tem a ver com os moldes de abuso de hierarquia de poder e da lógica de submissão onde “manda quem pode e obedece quem tem juízo“, mas é sobre cultivar relações pautadas em respeito, empatia e conexão.
É um convite a compreender a criança para além do que ela faz, enxergando o que sente, o que precisa e o que está tentando comunicar por trás de cada comportamento.
Mais do que uma prática pontual, ela é uma maneira de ver e viver a vida que transforma a forma como adultos e crianças se conectam, seja dentro de casa, nas escolas ou nos espaços de cuidado.
Quem pode atuar com a Educação Positiva?
A Educação Positiva não é restrita a um único grupo profissional. Pelo contrário, ela amplia horizontes e convida diferentes profissões a se encontrarem em torno de uma infância mais respeitada.
Educadores, terapeutas, pediatras, psicólogos, psicopedagogos, assistentes sociais, doulas, fonoaudiólogos, enfermeiros, advogados da infância, profissionais da saúde e da educação em geral… Todos os profissionais da infância podem incorporar essa abordagem em sua prática.
Além disso, também é possível atuar diretamente como Educador Parental, um profissional que orienta, acolhe e traduz a ciência para o dia a dia das famílias, ajudando a construir vínculos seguros e ambientes emocionais mais saudáveis.
Atuar com a abordagem da Educação Positiva envolve construir pontes com as famílias, resgatar a confiança nas relações e se comprometer com uma prática profissional alinhada com aquilo que se deseja para toda a sociedade.
Isso significa que todo profissional que deseja atuar com verdade pode encontrar na Educação Positiva um caminho possível, ético e transformador.
Os pilares que sustentam essa prática
A atuação com base na Educação Positiva não nasce do improviso ou da intuição. Ela se ancora em uma base sólida que une ciência e desenvolvimento humano.
Na Escola da Educação Positiva, essa base se organiza em cinco pilares que orientam tanto o olhar quanto a prática profissional:
Apego Seguro:
Crianças que crescem com um apego seguro se sentem protegidas, compreendidas e confiantes para explorar o mundo. E é a partir dessa base emocional que elas desenvolvem vínculos saudáveis, empatia e resiliência.
Ciência do Desenvolvimento Humano:
Entender o ritmo do desenvolvimento infantil é importante para apoiar a criança sem atropelar seus processos.
Inteligência Emocional:
Promover inteligência emocional é ensinar a criança a reconhecer, nomear e lidar com o que sente.
Dessa forma ela aprenderá sobre regulação, resolução de conflitos e construirá relações com mais consciência.
Desenho Original do Ser Humano:
Cada criança tem necessidades inatas e um ritmo próprio de desenvolvimento. Quando respeitamos esse desenho, abrimos espaço para que ela cresça com confiança.
Estudos Sociais:
Educar com responsabilidade social é olhar para os sistemas de opressão e agir com equidade. Isso envolve lembrar que transformar o mundo começa nas relações e na escuta.
Você pode ler mais sobre cada um desses pilares CLICANDO AQUI.
O que muda na prática para os profissionais da infância?
Quando um profissional da infância atua com base na Educação Positiva, ele não apenas transforma sua relação com a criança (e com ele mesmo), ele também muda profundamente a forma como acolhe, orienta e apoia famílias.
Ele se torna ponte entre o conhecimento científico e a realidade emocional de quem cuida.
Na prática, isso significa:
– Conseguir acolher a dor e a sobrecarga dos pais sem julgamento, porque antes disso conseguiu acolher a sua própria dor e gatilhos.
– Oferecer recursos com empatia e alinhados à realidade de cada cenário familiar.
– Nomear o que está invisível, traduzindo o comportamento da criança a partir da ciência e ajudando os cuidadores a enxergarem além do que se vê.
(Assista a live completa da Dra. Patricia Furlan com a Escola da Educação Positiva CLICANDO AQUI.)
O profissional que atua com a abordagem da Educação Positiva abandona o discurso comportamental e passa a convidar as famílias a refletirem com gentileza e consciência: O que a criança está precisando? E o que você está precisando também?
Dessa forma, ele sai do lugar de quem aponta soluções prontas e assume o papel de facilitador de vínculos, promovendo encontros reais entre adultos e crianças, onde há escuta, presença e reconstrução.
Ou seja, a atuação com base na Educação Positiva não é sobre alcançar uma perfeição idealizada, mas sobre construir ambientes mais conscientes, afetivos e seguros. Tanto para as crianças quanto para os adultos.
E os efeitos dessa mudança de olhar se tornam visíveis no dia a dia.
Com ambientes mais cooperativos, onde a criança se sente parte e não alvo de controle. Redução de conflitos recorrentes, porque há menos disputa de poder e mais disposição para escutar.
Além da melhora nas relações, que se tornam mais respeitosas, uma vez que são sustentadas por conexão, e não pelo medo ou chantagem emocional.
Como um profissional da infância pode se especializar na Educação Positiva?
A atuação com base na Educação Positiva requer profundidade, embasamento teórico e um compromisso verdadeiro com a transformação pessoal e profissional.
Por isso, a formação é um passo essencial para quem deseja trazer essa abordagem na sua prática profissional com responsabilidade.
Hoje, profissionais das mais diversas áreas, da educação ao direito, têm buscado especializações que os capacitem a atuar de forma mais consciente, respeitosa e transformadora com crianças, famílias e comunidades.
A Pós-Graduação em Educação Positiva, por exemplo, oferece uma formação completa baseada em ciência, prática reflexiva e desenvolvimento humano.
Além de aprofundar nos 5 pilares da Educação Positiva, ela forma profissionais mais preparados para apoiar famílias em situações desafiadoras, transformar contextos escolares com foco no vínculo, não no controle, e liderar projetos e ações sociais com impacto real na infância e na comunidade.
Essa especialização não apenas amplia o repertório técnico, mas também fortalece a presença e a escuta como instrumentos de mudança.
É uma formação que transforma a prática e também o olhar.
Um novo caminho é possível!
A Educação Positiva não é uma fórmula mágica nem um conjunto de técnicas prontas. Acima de tudo, ela é um convite à coragem.
Coragem de olhar para si com mais verdade. De se responsabilizar sem se culpar. De se abrir para relações mais verdadeiras, onde o vínculo vale mais do que o controle.
Quando um profissional muda sua maneira de ver, ele não transforma apenas sua prática, ele transforma o mundo de uma criança.
E essa transformação, silenciosa e potente, reverbera em toda uma geração.
Educar com respeito é possível. E necessário.
E a boa notícia é que nunca foi tão possível (e urgente) fazer diferente.