O que a Educação Positiva fala sobre a “birra”?

A chamada birra, que é, na realidade, uma explosão emocional, é um dos principais receios dos pais e gera diversos gatilhos e perguntas na maioria dos adultos. O que fazer? Como evitar? É possível controlar?
Ilustração de uma mãe abraçada com sua filha que está chorando

Vamos entender como a Educação Positiva pode te ajudar a lidar com essas explosões emocionais.

Cérebro em desenvolvimento 

Você sabia que o cérebro humano só termina de se desenvolver próximo aos 25 anos de idade?

Então, primeiramente, é necessário entender que a criança ainda possui um cérebro imaturo, em desenvolvimento, e que está recebendo um alto índice de informações e tentando processar tudo o que sente.

Este cérebro em desenvolvimento ainda não tem a capacidade para se autorregular sozinho. 

Ou seja, a criança não consegue, por si só, racionalizar e se acalmar sozinha. 

Isso porque o neocórtex, responsável por processar a lógica e a razão, ainda não está completamente desenvolvido. Além disso, quando a criança está desregulada, o córtex fica inacessível, restando o cérebro reptiliano, que é primitivo. Responsável pelas funções básicas de sobrevivência do ser humano.

Imagem ilustrativa de um cérebro humano, apontando onde está localizada a parte RACIONAL, EMOCIONAL e PRIMITIVA.

Sabendo disso, entendemos como é difícil para a criança lidar com a frustração. E como o seu corpo ainda não sabe reagir de outra maneira, é essa a forma que ele encontra para se comunicar e extravasar esse turbilhão de sentimentos.

Então a birra não é manipulação?

Vivemos em uma sociedade que enxerga a criança como um problema a ser resolvido. Isso, somado ao não entendimento de como funciona o neurodesenvolvimento infantil, nos afasta de termos uma visão mais empática diante de um episódio de explosão emocional.

A birra é um pedido de ajuda e não um comportamento manipulativo.

Imagem de um desenho de megafone com a singla SOS

Veja: A frustração gera uma desordem emocional e o corpo reage da forma como ele sabe.

Agora que você já entendeu que a birra é uma descarga emocional por imaturidade cerebral, talvez você esteja se perguntando: Então não dá para controlar? Ou: O que fazer então diante da birra?

Vamos conversar mais sobre isso!

Não dá para controlar?

A Educação Positiva não traz ferramentas de controle para serem aplicadas, mas foca na qualidade da relação através de 5 importantes pilares: Apego Seguro, Ciência do Desenvolvimento Humano, Inteligência Emocional, Desenho Original do Ser Humano e Estudos Sociais.

Na prática, significa que precisamos olhar para a relação como um todo e para além do contexto da birra.

Raras vezes, durante um episódio de birra, a reclamação da criança em si revela o seu real motivo. Muito provavelmente ela é a expressão de alguma frustração, nem sempre ligada à reclamação ou ao pedido da criança.

Nessa hora não adiantará argumentar. O primeiro passo é acolher. Para que assim você possa ajudar a criança a atravessar este sentimento. Isso significa que você precisa se mostrar disponível física e emocionalmente. 

Foto de uma mãe sentada no chão, abraçando a sua filha.

Essa disponibilidade física e emocional pode parecer um desafio à primeira vista, principalmente porque viemos de uma educação tradicional que não promove este mesmo acolhimento e, muitas vezes, o choro da criança é um gatilho para a maioria dos adultos. 

Um adulto que, quando criança, não obteve corregulação – corregulação é quando o adulto empresta o seu sistema nervoso, e através de como ele está sentindo, pensando, da sua expressão facial e da sua disponibilidade, ajuda a criança a voltar ao equilíbrio, mostrando compreensão, validando a emoção e promovendo segurança – sente dificuldade em também corregular a sua criança.

E o que fazer então?

Foto de um pai sentado no sofá, corrindo, abraçando sua filha e seu filho.

Trabalhar no autoacolhimento e autocompaixão é um primeiro passo importante para que o adulto possa sair do ciclo de explosão e culpa e possa caminhar em direção à sua autocura e aprendizado. Passando a construir uma relação de mais acolhimento e segurança com a sua criança.

Quanto mais segura a criança estiver para sentir, mais resiliente ela será no futuro.

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